O mundo está a mudar. A verdade é que este é um cliché com o qual nos deparamos muitas vezes, mas também é verdade que agora, mais do que nunca, o mundo está a mudar a uma velocidade sem precedentes e junto com essa mudança surgem inúmeros desafios. Não é fácil para nenhum de nós enfrentar o que é diferente e tornar isso uma oportunidade. Também não é fácil lidar com a incerteza de não sabermos para onde é que isso nos levará, e se para os indivíduos isto não é fácil, também não o é para as empresas.
“As novas gerações presentes no mercado valorizam aspetos que as gerações anteriores não valorizavam e a necessidade de se reter talento é cada vez maior.”
Surgem incertezas de cariz financeiro, uma vez que com a inflação e a subida dos preços as organizações precisam de adaptar as suas estratégias face ao mercado e às circunstâncias, mas surgem também dificuldades de cariz humano. As novas gerações presentes no mercado valorizam aspetos que as gerações anteriores não valorizavam e a necessidade de se reter talento é cada vez maior. O fenómeno de great resignation é uma realidade no mundo e pode chegar a Portugal, com os colaboradores a optarem por se despedir de forma massiva e em busca de melhores condições, sendo mais comum nos jovens. Será um grande desafio para a gestão das empresas, atrair, reter e desenvolver talento de modo a dar resposta ao mercado e às necessidades dos candidatos. É preciso mudar a abordagem que se faz perante os recursos existentes, criar políticas adequadas à realidade organizacional e conhecer o mercado de recrutamento de modo a encontrar os candidatos mais adequados à posição.
O que fazer?
“Valorizam-se cada vez mais skills comportamentais, como organização, resiliência, inteligência emocional, colaboração, dinamismo, comunicação, empatia …. É fácil ficarmos perdidos pelo meio da lista.”
Valorizam-se cada vez mais skills comportamentais, como organização, resiliência, inteligência emocional, colaboração, dinamismo, comunicação, empatia …. É fácil ficarmos perdidos pelo meio da lista. Cabe aos especialistas avaliar as skills que são necessárias para a função e definir as competências chave de cada talento, de modo a tornar a sua organização diversa e coesa. Adicionalmente, existem preocupações que são atuais e transversais como a sustentabilidade e o bem-estar no trabalho, que se traduzem de forma diferenciada nas competências que são apresentadas e às quais devemos estar atentos, sendo que nem sempre recrutar é a resposta.
Em 2023 advém-se uma maior necessidade de retenção e formação dos colaboradores e para isso é necessário que os recursos Humanos invistam no seu conhecimento sobre o mercado. Conhecer estilos de liderança, valorizar o salário psicológico, adequar às suas políticas e à cultura organizacional, olhar para os valores do presentismo e do absentismo e estar atento a fenómenos de quiet quitting ou quiet firing, são cada vez mais práticas recorrentes e que visam a retenção de candidatos e a fomentação do talento. É necessário compreender o que motiva os colaboradores, quais as práticas que estão a resultar, os motivos da sua saída e perceber de que forma é que a empresa se pode reajustar. A formação e desenvolvimento vão também ganhar destaque, é importante investir nos colaboradores. Fomentar o conhecimento, não só técnico, mas também comportamental, de modo a muni-los de competências que lhes permitam lidar com as mudanças que surgem no dia a dia.